terça-feira, 24 de agosto de 2010

SABEDORIA DOS POVOS INDÍGENAS


SABEDORIA DOS POVOS - RESPONSABILIDADE PELA VIDA*
14 prolegômenos para um outro mundo possível


por Paulo Suess
Pelo contexto amazônico, os Fóruns FMTL e FSM tiveram uma conotação ecológica transversal. Na maior parte das Oficinas, a questão ecológica ainda foi isoladamente tratada. A articulação orgânica que existe entre ecologia, crescimento econômico e trabalho ainda não aconteceu. O texto aqui apresentado fornece um pano de fundo para se compreender algumas condições prévias dessa articulação ecossocial, mas não dispensa posteriores reflexões políticas em torno do tripé “ecologia, crescimento e trabalho” com propostas concretas de ação.

1. A ruptura que condensa a história
O outro mundo que almejamos já está em construção e estará sempre em construção. Sua realização plena seria o fim da história; sua realização permanente significa a aceleração e a concentração da história em busca de sentido. Nós aceleramos a história através da invocação da memória histórica daqueles momentos que significavam e continuam significando uma ruptura com o sistema de colonização. Na raiz dessa ruptura está a recusa dos povos indígenas, dos cabanos, dos quilombolas, das greves dos operários, da revolta dos estudantes de 68 e das mil recusas e interrupções sistêmicas ocorridas. Ao acelerar a história freamos o projeto civilizatório em curso. Nós realizamos, mesmo por pequenos instantes, o outro mundo possível através de novas práticas nas rachaduras do sistema idolátrico do mercado, do capital, da exploração, da futilidade e do tédio. São momentos de graça e sabedoria nos quais se condensa a história e para o projeto que procura levar a todos ao abismo.


 
2. Responsabilidade pela vida
A sabedoria não se dá por inteiro a nenhum povo ou indivíduo. Ela se dá a todos parcialmente. Por isso, precisamos uns dos outros para nos completar e aperfeiçoar. A sabedoria não se deixa aprisionar em agendas denominacionais, culturais ou ideológicas. A sabedoria é macroecumênica e cósmica. Ela é a irmã que não nos pertence. A sabedoria dos povos, essa prática de múltiplas rupturas com as forças que atentam contra a vida, não pode ser sistematizada por nós, nem codificada ou fechada numa vitrine para ser vista, guardada ou apreciada. Não conseguimos segurá-la, como não conseguimos segurar a onda do mar.

A sabedoria dos povos não brota do ser ou de uma ontologia a-histórica. A sabedoria é historicamente construída, portanto, é práxis condensada nos momentos de ruptura, nos momentos em que a esperança rompe com o desespero e o desejo, em que o pequeno Davi mostra que os supostamente grandes são gigantes com pés de barro; ruptura nos momentos da irrupção da responsabilidade dos povos pela vida, ou seja, nos momentos em que pessoas, comunidades e povos mostram sua habilidade de responder aos desafios e ameaças de sua vida. Essa responsabilidade pela vida é o laboratório da sabedoria.


3. Desprezo do saber do outro
A sabedoria como responsabilidade pela vida tem duas dimensões: a luta e a contemplação. A luta, porque a sabedoria está sempre ameaçada pela banalidade e a erudição artificial, de fora e de dentro, ameaçada pelo desprezo dos outros e pela alienação própria.
A sabedoria dos povos indígenas pouco interessava os evangelizadores. Por isso, a sua boa-nova se tornou mal notícia. José de Acosta, provincial dos jesuítas na região andina, na primeira hora de colonização, pode escrever:
"Saber o que os próprios índios costumam contar das suas origens, não é coisa de muita importância. Seus relatos parecem mais sonhos que histórias. Há entre eles muita conversa do Dilúvio; mas não é possível bem distinguir se este dilúvio, de que falam, é o universal da Divina Escritura, ou se foi um outro dilúvio ou uma inundação particular e regional (...). Seja como for, contam, em todo caso, os índios que com aquele dilúvio toda a humanidade se afogou e contam que do grande lago Titicaca saiu um Viracocha, que tomou assento em Tiaguanaco, onde hoje se encontram ruínas e pedaços de edifícios antigos e muito estranhos, e que de lá vieram a Cuzco, e assim o gênero humano voltou a multiplicar-se. (...) Mas, para que serve contar mais, pois tudo que contam está cheio de mentiras e sem razão? O que eruditos afirmam é que toda a memória destes índios não chega a mais do que 400 anos, e tudo que relatam do passado é mera confusão e trevas, sem ter certeza. E não é para se admirar, já que lhes faltam livros e escritura (...). (...) Eles estavam seguros de que haviam sido criados desde seus primórdios no mesmo Mundo Novo, onde vivem. Mas sobre isso nós os esclarecemos (desenganamos) com nossa fé, que nos ensina que toda a humanidade procede de um primeiro casal."*
 * (ACOSTA, José de. Historia natural y moral de las Indias. México, FCE, 1985, p. 63s. "Saber lo que los mismos indios suelen contar de sus principios y origen, no es cosa que importa mucho; pues más parecen sueños los que refieren, que historias. Hay entre ellos comunmente gran noticia y mucha plática del Diluvio; pero no se puede bien determinar si el diluvio que éstos refieren, es el universal que cuenta la Divina Escritura, o si fué alguno otro diluvio o inundación particular de las regiones (...). Como quiera que sea, dicen los indios que con aquel su diluvio, se ahogaron todos los hombres, y cuentan que de la gran laguna Titicaca salió un Viracocha, el cual hizo asiento en Tiaguanaco, donde se ven hoy ruinas y pedazos de edificios antiguos y muy extraños, y que de allí vinieron al Cuzco, y así tornó a multiplicarse el género humano. (...) Mas ¿de qué sirve añadir más, pues todo va lleno de mentira y ajeno de razón? Lo que hombres doctos afirman y escriben es que todo cuanto hay de memoria y relación de estos indios, llega a cuatrocientos años, y que todo lo de antes es pura confusión y tinieblas, sin poderse hallar cosa cierta. Y no es de maravillar faltándoles libros y escritura (...). (...) Tenían por muy llano que ellos habían sido creados desde su primer origen en el mismo Nuevo Orbe, donde habitan, a los cuales desengañamos con nuestra fe, que nos enseña que todos los hombres proceden de un primer hombre."Sahagún afirma que os náhuas, da Nova Espanha, através de suas pinturas antigas, têm uma memória histórica de pelo menos dois mil anos. Cf. SAHAGÚN, Bernardino de. Historia general, l.c., p. 29.)
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Darwin "desenganou" a cristandade mais tarde sobre a procedência de um "primeiro casal".

[Imagem: Padre Vieira Pregando aos Índios (in quadro de 1841, retratando cena do século XVI): - penetração da cultura européia ‘civilizada’ sobre as comunidades indígenas, bem como o cristianismo, em lugar das crenças nativas.]

4. Rejeição do saber colonizador: educação, catequese, orientação
Por não reconhecer a sabedoria da Ameríndia, a América Latina abriu mão de sua própria sabedoria. Por desconhecer a sabedoria dos povos yanomami, guarani, kaingang, totonaco, maya e de tantos outros povos indígenas, a América Latina e seu cristianismo abriu mão de um acesso profundo a uma teologia própria. Na Bíblia, o conhecimento mais profundo é chamado amor. O Brasil, em sua configuração oficial, não conhece, não reconhece e nem ama os povos indígenas e sua sabedoria.
Para proteger a sua sabedoria, os povos indígenas precisavam, muitas vezes, recorrer à clandestinidade e à rejeição da oferta de sabedorias forâneas em forma de religião, lei e visão do mundo.
Arnaldo Antunes, o poeta e músico brasileiro, deu voz a essa rejeição da sabedoria oficial em forma de catequese e educação, quando canta:
"Aqui nessa casa ninguém quer a sua boa educação.
Nos dias que tem comida, comemos comida com a mão.
E quando a polícia, a doença, a distância ou alguma discussão nos separa de um irmão,
Sentimos que nunca acaba de caber mais dor no coração.
Mas não choramos à toa, não choramos à toa.
Aqui nessa tribo ninguém quer a sua catequização.
Falamos a sua língua, mas não entendemos o seu sermão.
Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão.
Mas não sorrimos à toa, não sorrimos à toa.
Aqui nesse barco ninguém quer a sua orientação.
Não temos perspectiva, mas o vento nos dá a direção.
A vida que vai à deriva é a nossa condução.
Mas não seguimos à toa, não seguimos à toa.
Volte para o seu lar, volte para lá."


5. Alienação
Mas a sabedoria dos povos não está ameaçada apenas pelo desprezo dos outros. Também a alienação própria representa uma ameaça venenosa.
Diante da mercantilização total da vida cotidiana, também a sabedoria corre o risco de se tornar mercadoria, propaganda e técnica de sobrevivência, medicina paliativa de uma sociedade que, por dinheiro, tudo oferece. O pior que pode acontecer a uma pessoa e a um povo é não gostar mais de sua herança sapiencial milenar e trocar o direito do primogênito por um prato de ervilhas de um shopping center, pelo querer ser como os outros, pela mimésis, ou de só comer ervilhas do próprio quintal.
Não há dúvida, o neoliberalismo não pára na alfândega de nenhum país, de nenhum povo, de nenhum coração. A filosofia do capitalismo não necessita passaporte. Os meios de comunicação, enquanto representam o braço direito desse sistema e estimulam nossos desejos alienantes, são o cavalo de Tróia no meio dos povos e dos corações das pessoas. Os meios de comunicação nos sugerem a necessidade do mais, do maior e do novo. O consumo obsessivo é, psicologicamente, um sinal do medo e, socialmente, um roubo daquela humanidade, que passa fome.


6. Resistência sábia e militante
A resistência sapiencial é possível. Temos também notícia de resistências extraordinárias. No Brasil, nos últimos 30 anos surgiram mais de 50 povos indígenas que estavam desaparecidos da memória nacional e do mapa etnográfico do país. Por um momento, a sabedoria do próprio venceu a avalanche de integração e de todos os aliciamentos disfarçados de sabedoria e bem-estar da sociedade dominante. Podiam continuar a viver como brasileiros comuns, campesinos, agricultores. Preferem, apesar de todos os preconceitos, serem chamados de índios, com nome próprio de um rio, de uma rua ou de um pássaro. Não têm vergonha dessa identificação com a natureza, não têm vergonha de se chamar Tukano, Juriti ou Tapajós. Os letreiros de nossas ruas queriam lembrar povos desaparecidos, mas os supostamente desaparecidos caminham por essas ruas “que passam por muitos países e preparam uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças” (Canção Amiga, Carlos Drummond de Andrade).
Enquanto encarregados da nossa Igreja, no encontro das Comunidades Eclesiais de Base, discutiram se a Missa da Terra Sem Males podia ser celebrada ou não, um indígena pataxó subiu ao palco e gritou: “Nóis vivemos, estamos aqui presentes”.


7. Despojamento
Em nossa sociedade, a sabedoria exige cuidados e defesas especiais. Exige despojamento como exercício cotidiano que envolve todas as dimensões da vida. Despojamento pode significar desapegar-se de privilégios e soltar ao vento desejos, saberes e objetos que criam dependências. O desapego é central para a construção de uma vida inteira, livre, integral.
O mundo de hoje destaca o empreendedor, que mostra que é possível escapar do desemprego, do ócio improdutivo e do fatalismo daqueles que vivem na miséria. A estes faltaria o espírito empreendedor. Nesse mundo, parece estranho situar o desprendimento no centro da vida ativa, vivida como vida inteira.
O desprendimento como sabedoria é um pressuposto da justiça distributiva e da pedagogia, economia e mística que o grande pedagogo Comenius (Jan Amos Komensky) resumiu em poucas palavras: tudo para todos integralmente: os saberes, os bens materiais e os dons espirituais. A vida de cada dia, em sua completude, exige a capacidade de tecer relações e produzir gestos de esvaziamento de si e disponibilidade para interagir com os outros.


8. Ascese e solidariedade
Desprender-se de algo não significa, simplesmente, abrir mão de algo; significa deixar algo ser, deixar algo livremente existir – algo que estava ameaçado pelos apegos a desejos e objetos. O desprendimento não é privação, mas libertação e purificação. Dessa purificação, caracterizada pela recusa a práticas possessivas de acumulação, emergem energias novas. Como livramos animais e árvores de parasitas, que lhes roubam a energia vital, assim nós também temos necessidade de nos livrarmos de apegos parasitários que nos roubam a energia. Sem liberdade e energia, a vida começa a murchar. O apego cerceia a liberdade e o fluxo energético da vida. O desprendimento em sua forma individual pode ser compreendido como conversão e ascese, em sua forma comunitária ou sociopolítica, como ruptura e solidariedade.

9. Desestabelecer o sistema
Num continente de pobres e famintos, falar de ascese poderia parecer um discurso alienante proferido por abastados. Mas ascese, que significa “exercício”, é uma prática que pretende, exatamente, nos alertar para as teias alienantes da sociedade e libertar da dependência de desejos artificiais, criados por uma indústria que lucra com a ansiedade consumista que promove. A estrutura dessa sociedade de lucro e consumo visa à maximização dos desejos alienantes e dos gastos, à incessante renovação das mercadorias, à acumulação dos bens e ao crescimento dos lucros à custa dos pobres. O desapego como ascese, como exercício de se livrar do desnecessário para que todos possam usufruir o necessário, ultrapassa a esfera do privado e do individual. O desapego como exercício ascético tem uma função social que desestabiliza o sistema.


10. Nós, o templo libertado dos vendedores
Na vida contemplativa dos sábios, a purificação precede à iluminação, o romper das teias precede ao tecer redes e ao ver a Deus. Ao comentar, no sermão n. 52 (ed. alemã n. 32), a primeira bem-aventurança segundo Matheus, “felizes os pobres em espírito porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5,3), o mestre Eckhart descreve a pessoa espiritualmente pobre como o templo libertado dos vendedores: “Este é um homem pobre que nada quer, nada sabe e nada tem”. Isso não significa apagar a consciência e a vida, mas esvaziá-las. A inspiração, a inabitação do espírito ou o nascimento de Deus podem acontecer exatamente no momento da libertação das imagens, dos conceitos (dogmas), das vontades (desejos), dos saberes e dos objetos que ocupam o lugar de Deus. Em vez de dizer “este é um homem pobre”, Eckhart poderia também dizer “esta é uma pessoa sábia, porque ela está pronta para ver a Deus” (Mt 5,8) ou esta pessoa “é um templo de Deus”, preparado para a unificação com seu criador, o último degrau da mística: purificação, iluminação, unificação. A Palavra de Deus, que se fez carne em Jesus de Nazaré, purifica, ilumina e une.

11. Os sábios e os místicos – na contramão dos sistemas
A cada momento, o desprendimento recoloca Deus, o pobre Deus do pão e da cruz, no centro da humanidade. Essa centralidade de Deus orienta os cristãos para a igualdade e a liberdade dos seres humanos. Todos são igualmente criaturas de Deus. Nessa perspectiva de uma igualdade radical não há lugar para apropriações privadas dos bens da terra. Em conseqüência disso, os místicos se encontram sempre na contra-mão dos sistemas e na mira dos administradores das instituições e das palavras. A existência dos místicos, dos verdadeiros sábios, denuncia as acomodações administrativas das instituições religiosas e a marginalização dos pobres através de práticas políticas e sociais rotineiras de exclusão.
Desprendimento é ruptura. Isso quer dizer retomar a vida das mãos daqueles que nos educaram para morrer. Nós precisamos a cada dia nos reeducar para viver e romper com a lógica alienante do senso comum que, muitas vezes, é a perversão do bom senso. Ruptura significa intervenção em situações que impedem parte significativa da humanidade de viver a sua vida com dignidade. O desprendimento como descontentamento profético emerge da consciência de que reformas ou “remendos novos em odres velhos” não mudarão o curso da História.


12. Ruptura do Reino
A sabedoria de todos os povos nos une à causa maior do Reino. Enquanto as denominações eclesiásticas nos procuram enquadrar em seus sistemas como “casos”, nós nos unimos, como causa universal, à sabedoria do Reino, que só pode ser pensado num horizonte radicalmente assistêmico, além do pesadelo da sociedade consumista, da sociedade produtora de objetos à custa das pessoas e da sociedade dividida por classes sociais e preconceitos étnicos e morais. Essa ruptura sapiencial do Reino acontece na vida cotidiana, onde procuramos ampliar as rachaduras da sociedade alienada.
Como produzir rupturas? Como plantar os sonhos dos pobres e dos excluídos nas rachaduras dos sistemas? Como abrir mão das nossas representações prestigiosas e viver a solidariedade como expressão radical de gratuidade? Gratuidade não significa apenas ruptura com a sociedade domesticada por lucro, competição e controle. A gratuidade rompe com o desejo mimético de incorporação, identificação e reciprocidade.

13. Reféns do acaso do nascimento?
Como romper as teias que se instalaram no templo da nossa vida desde o nosso nascimento? É preciso ter a consciência clara de que o acaso do nascimento nesta ou naquela casa e cultura, sociedade e civilização não tem poder absoluto sobre nós. Não somos naturalmente reféns de projeções, sistemas e instituições, desde que não substituamos teias por teias, gaiolas por gaiolas, tradições obsoletas por tradições obsoletas. Quanto mais caminhamos, mais somos capazes de relativizar nossa origem e o ambiente que nos moldou. Nós somos capazes de substituir as teias herdadas ou historicamente impostas por redes que nós mesmos tecemos. Temos raízes com asas. Não dependemos fatalmente das nossas raízes de parentesco, cultura e sociedade. Podemos tecer redes sociais de luta e contemplação segundo nossas opções. O desapego a tudo resgata nossa liberdade, harmonia e serenidade diante do medo de que algo não possa dar certo, e da ambição de que algo deva dar certo.

14. O favor que cada sociedade ambiciona
Sabedoria de vida, sabedoria de resistência. É a mística maior vivida no desapego radical do caminho, no desprendimento nas relações, no esvaziamento pessoal e na antecipação, por pequenos instantes, do Reino. São poucos os instantes da nossa vida em que conseguimos ser sábios e místicos com essa intensidade. Lévi-Strauss descreve com maestria, no fim dos seus Tristes Trópicos, alguns desses instantes de uma contemplação militante:
“A contemplação proporciona ao homem o único favor que ele sabe merecer: suspender a marcha, reter o impulso que o obriga a tapar, uma após outra, as fendas abertas no muro da necessidade e a concluir a sua obra, ao mesmo tempo que abandona a sua prisão; esse favor que toda a sociedade ambiciona, quaisquer que sejam as suas crenças, o seu regime político e o seu nível de civilização; onde ela situa o seu ócio, o seu prazer, repouso e liberdade; oportunidade fundamental para a vida, de se desligar, e que consiste (...) durante os breves intervalos em que a nossa espécie suporta interromper a sua faina de colméia em captar a essência do que ela foi e continua a ser, aquém do pensamento e além da sociedade: na contemplação de um mineral mais belo que todas as nossas obras; no perfume mais sábio que os nossos livros, respirado no âmago de um lírio; ou no piscar de olhos, cheio de paciência, serenidade e perdão recíproco que um entendimento involuntário permite, por vezes, trocar com um gato” *
*(LÉVI-STRAUSS, Tristes Trópicos, último parágrafo).
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(Belém, 29.1.2007)






 

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