sábado, 25 de setembro de 2010

2. A EXPANSÃO PORTUGUESA E O PROCESSO DE COLONIZAÇÃO

Favorecido pela sua posição geográfica nas margens do Oceano Atlântico e muito próximo da extremidade da África do Norte, Portugal iniciou no século XV a sua expedição para o continente, enviando barcos para o Sul, a costear a margem atlântica da África. Em 1434 foi dobrado o cabo Bojador, o Senegal foi atingido em 1444, a Guiné-Bissau em 1446 e as ilhas de Cabo Verde em 1456. Em 1485 Diogo Cão descobriu a embocadura do Congo e em 1487 Bartolomeu Dias avançou para além do Cabo da Boa Esperança.

Durante a primeira metade do século XV as expedições portuguesas no continente africano, concretamente África Ocidental, tinham como o principal objetivo “a aquisição do ouro da Guiné”. Com esse intuito, “as caravanas partiam de Portugal carregadas de objetos de estanho e de cobre, de tecidos, de quinquilharias, de coral e mais tarde de pérolas para a costa oriental da África – que trocavam por ouro e escravos”. Posteriormente, com a descoberta da Índia pelo navegador Vasco da Gama em 20 de maio de 1498, a base de expansão comercial portuguesa foi alterada para aquisição das especiarias das terras de Índia (pimenta, noz-moscada, canela, etc).

Um comerciante português descreve a rota terrestre da especiaria de Índia da seguinte forma:

desta terra de Calecute vai a especiaria que se come em Portugal e em todas as províncias do Mundo; vão também desta cidade muitas pedras preciosas de toda a sorte. Aqui carregam as naus de Meca a especiaria e a levam a uma cidade que está em Meca que se chama Judeia. E pagam ao grande sultão o seu direito. E dali a tornam a carregar em outras naus mais pequenas e a levam pelo Mar Ruivo a um lugar que está junto com Santa Catarina do Monte Sinai que se chama Tunis e também aqui pagam outro direito. Aqui carregam os mercadores esta especiaria em camelos alugados a quatro cruzados cada camelo e a levam ao Cairo em dez dias; e aqui pagam outro direito. E neste caminho para o Cairo muitas vezes os salteiam os ladrões que há naquela terra, os quais são alarves e outros.

Com o acesso ao mercado indiano, os portugueses conseguiram acabar com o monopólio dos árabes e levantinos que até aquela altura tinham controlado o mercado de exportação européia do Cairo a Alexandria.

Já por volta do século XVI os portugueses controlavam todo o Oceano Índico da África Oriental à Indonésia e do golfo Pérsico à Birmânia. A estrutura deste império era absolutamente original e consistia, simplesmente, num grande arco de bases navais estendendo-se com imensos intervalos à volta do oceano Índico: Sofala, Moçambique, na África Oriental; Ormuz e Moscate no golfo Pérsico; Diu, Damão, Bassein, Chaul, Goa, Cochem, nas Índias.



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Este espaço busca ser um lugar de interação com contribuições em temas relacionados às Culturas Afroameríndias, suas diversas manifestações e contextos. Nos campos de exposição, apresento em forma de reflexões alguns textos sociais, históricos, políticos, teológico-religiosos e educativos. Também o universo das artes e literaturas são outras referências, leituras e aprofundamentos, conforme este processo de interlocução dialógica em construção.
Agradeço-lhe pelo interesse em reconhecimento e atenção ao nosso trabalho!

Atenciosamente,
Reinaldo.

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