terça-feira, 7 de dezembro de 2010

II.i - INSURREIÇÕES E GUERRA DE PACIFICAÇÃO

Este episódio histórico do heroísmo guineense, confirma de maneira séria como o povo guineense rejeitou desde as primeiras horas a colonização, alienação, numa era que o povo não sabia da formalidade dos direitos humanos, todavia, defendia com toda força e determinação a liberdade e dignidade guineense.

As sangrentas guerras da pacificação foram de 1910 a 1925, o período marcado pela verdadeira resistência e afirmação da liberdade que hoje orgulhamos. A luta de independência dirigida pelo nosso Saudoso líder, Amílcar Cabral, foi simplesmente a continuidade do que foi a razão do movimento de insurreições contra “crime colonial”, que antecedeu a “pacificação”. *
* (Artigo de Fernando Jorge Pereira Teixeira “Reflexão de um nacionalista” publicado a 16.03.10 in www.didinho.org)

O Desastre de Bolol provocada pelos Felupes de Djufunco em 1879, milhares de portugueses perderam a vida, levou a administração colonial a criar “Província da Guiné Portuguesa”, com capital em Bolama e a Coroa portuguesa decepar a imediata separação da Administração de Cabo Verde e Guiné. Esta vitoria foi uma humilhação enorme aos colonialistas.

Em 1908 o rei Papel de “Intim”, NDongo sitiou a fortaleza de São José de Bissau, e havia lá dentro todos os portugueses de Bissau. Em 28 de Fevereiro de 1891, os Papeis e aliados balantas atacam a mesma fortaleza e não massacram ninguém, queriam mostrar sua superioridade aos colonialistas e para serem “reconhecidos” sem estigma e nem discriminação.

As guerras dos Papeis de Bissau e de Biombo (1882-84), os Balantas de Nhacra (1882-84), os Manjacos de Caio (1983) e os Beafadas de Djabadá (1882) foram lutas travadas pelo nosso povo com os mesmos princípios e a mesma procura de reconhecimento e dignidade que também nortearam esta última, a gloriosa “Luta de Libertação Nacional”.*
* (Fernando Jorge Pereira Teixeira, Artigo “Reflexão de Um Nacionalista” in www.didinho.org).

Este acto de resistência contra os fascistas envolviam todas as estruturas sociais que haviam no momento, até os Grumetes e os Christons, aliados dos fascistas, participavam na luta ante fascistas assim que tivessem a oportunidade, caso que se parecia estranho aos fascistas, quando encontraram alguns dos seus aliados (Grumetes e Christons), que eram civilizados aos olhos dos fascistas, no movimento de insurreições, combatendo contra eles (fascistas).

“Esta classe à parte de Christons… odeia violentamente os portugueses aos quais censuram nunca nada terem feito pelo seu país e foram (…) os instigadores da maior parte das insurreições indígenas… numerosos Christons encontraram a morte na fileira dos Papeis durante as operações … e o seu ressentimento é tão profundo que os julgo capazes de empunhar ara os Portugueses, sempre que se apresentar uma oportunidade que lhes possa trazer esperança de se subtraírem ao seu domínio”.*
* (Vice-consul Hostains, 1918, apud Artigo Fennado Jorge Pereira Teixeira)

A 10 de Maio de 1894, o governador Sousa Lage, com apoio de duas canhoneiras chegada de Lisboa, e de tropas vindas de Angola, Cabo verde e Lisboa conseguiram apoderar da terra sagrada de Intim, Bandim e Chão de Papel, durante uma justa revolta dos Papeis e Grumetes em Bissau. Foi uma derroto que marcou a resistência guineense, deixou a dor, não a de ter perdido muitos homens, por que para os papeis, não se chorava a morte da pessoa que morreu no combate a defesa da sua terra (tchon), por que é a morte honrosa, mas a dor de ter perdido o seu tchon que a base da sua liberdade e dignidade.

A outra derrota foi quando o governador, Oliveira Muzanty, com reforço vindo de Portugal, juntou todos os homens e meio a sua disposição, organizando maior expedição militar da Guiné, venceu os guerreiros Beafadas, na altura liderado por Infali Sonco, nas localidades de Cuor e Ganturé.

Esta pequena parta da história da resistência guineense demonstra que o nosso povo nunca deu pequena possibilidade para ser colonizado, sempre lutou com ferro e fogo a causa da liberdade e dignidade, como podemos ver a declaração do Chefe Fulipe de Suzana, quando em 1931 diz aos portugueses:

“Vocês (os Europeus) penetraram na nossa terra pela força e com as vossas armas superiores obrigaram-nos a pagar-vos impostos pelas terras que nos pertencem, como são os mais fortes, temos que nos resignar a isso e pagamos contra a nossa vontade… mas deixem-nos viver em paz, segundo os costumes dos nossos antepassados”.*
* (apud Artigo Fernando Jorge Pereira Teixeira, “ REFLEXÃO DE UM NACIONALISTA”)


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Este espaço busca ser um lugar de interação com contribuições em temas relacionados às Culturas Afroameríndias, suas diversas manifestações e contextos. Nos campos de exposição, apresento em forma de reflexões alguns textos sociais, históricos, políticos, teológico-religiosos e educativos. Também o universo das artes e literaturas são outras referências, leituras e aprofundamentos, conforme este processo de interlocução dialógica em construção.
Agradeço-lhe pelo interesse em reconhecimento e atenção ao nosso trabalho!

Atenciosamente,
Reinaldo.

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