terça-feira, 7 de dezembro de 2010

III. COLONIZAÇÃO

A descoberta da Guiné-Bissau em 1446, pelo navegador português Nuno Tristão, constitui a primeira etapa que despertou o processo de colonização na Guiné-Bissau, embora continue em dúvida quem foram os primeiros portugueses que acharam a Guiné-Bissau. Segundo a história, em 1446, Nuno Tristão navegou 60 léguas para sul de Cabo Verde e chegou ao estatuário de um rio chamado “Rio Grande” onde hoje é a Guiné-Bissau. Depois de ancorar, partiu com 21 dos homens, em dois pequenos barcos, para explorar a área. Quando remavam rio acima foram saudados por uma saraivada de setas envenenadas vindas das almadias (canoas de guerra) de alguns nativos hostis que causaram morte de 19 membros a expedição, incluindo Nuno Tristão. Os dois sobreviventes, com os restos da tripulação que ficaram a aguardar a caravela, todos eles jovens, conseguiram escapar e navegar para Portugal.

A interacção entre os colonizadores e os nativos guineenses foram facilitadas por Lançados e Grumetes, a mobilização dos nativos custava muito os colonizadores e alguns corriam o risco de morte.

Os lançados eram os portugueses brancos, na maioria originários do arquipélago de Cabo Verde, vindo de Portugal, Espanha e um salpico de outros europeus. E os Grumetes eram africanos semidestribalizados que se consideravam a si próprios “cristãos”, “civilizados” e, por tanto, um nó acima dos “gentios”, porque eram frequentemente baptizados e capazes de falar português ou crioulo.*
* (Colonialismo Português em África: A tradição de resistência na Guiné-Bissau, 1879-199, autor: Peter Karibe Mendy, pp. 109 e 111.)

Os Grumetes, sendo nativos alienados, defendiam mais os valores coloniais do que deles, prestavam serviços não só aos Lançados, mas também a outros europeus, trabalhavam nos navios, postos comerciais e fortes como marinheiros, cozinheiros, empregados domésticos, intérpretes, guias e guardas.

Os lançados e grumetes, foram importantes sobretudo no momento em que se dava atenção ao comércio da Guiné. É neste momento que começaram a vir para o País comerciantes, não só os portugueses, mas também os franceses, ingleses, holandeses, dinamarqueses e também suecos.

Olhando pelo papel desempenhado pelos lançados no processo de adaptação dos colonizadores no País, leva a crer que se não fossem esses lançados, apoiados pelos grumetes, os colonizadores teriam grande dificuldade em afirmar o sistema de exploração. Mas também, mesmo com os lançados houve muitas resistências ferozes contra colonizadores. Porque os colonizadores fizeram muitos na zona litoral, concretamente no Cacheu, não conseguiam explorar a zona interior devido a forte resistência dos nativos.

O século XVII até o final do Séc. XIX foi um período difícil para o colono português, quase perdiam o monopólio do território por ser cobiçado pelas outras potências europeias. No século XVIII, maioria parte do país estava a ser controlado por francês e ingleses, só depois de arbitragem feita por Ulyses Grant, em 1870, da qual saiu vencedor, começou a reconquistar as suas posições. Em 1886 houve acordo franco-português que visa a divisão territorial …? Já no ano 1897 a Guiné tornou-se um colono autónomo de Portugal, segundo as resoluções da conferência de Berlim. E em 1915 começaram de novo a exploração, mas explorava somente os recursos minerais por ter abolido na conferência de Berlim o comércio de escravo.

Nessa fase, que colonizadores intensificaram, a ferro e fogo, a implementação dos seus serviços para consolidar o sistema de colonização, começaram, assim, fazendo também a guerra ideológica, limitavam a inserção social (acesso a escolas, trabalho…) de muitos guineenses, criaram classes, havia a dos civilizados e a dos indígenas, prova disso foi o artigo 2.º do Decreto n.º 16473, de 6 de Dezembro de 1922, pregava que:

«para efeitos do presente Estatuto são considerados indígenas os indivíduos de raça negra ou dela descendentes que, pela sua ilustração e costumes, se distinguiam do comum daquela raça; e não indígenas, os indivíduos de qualquer raça que não estejam nestas condições».*
* (www.anpgb.com)

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Este espaço busca ser um lugar de interação com contribuições em temas relacionados às Culturas Afroameríndias, suas diversas manifestações e contextos. Nos campos de exposição, apresento em forma de reflexões alguns textos sociais, históricos, políticos, teológico-religiosos e educativos. Também o universo das artes e literaturas são outras referências, leituras e aprofundamentos, conforme este processo de interlocução dialógica em construção.
Agradeço-lhe pelo interesse em reconhecimento e atenção ao nosso trabalho!

Atenciosamente,
Reinaldo.

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