Como continuar uma teologia negra (afro) e indígena a partir de nossas diversidades?
* Com a liberdade de valorizar as culturas como uma realidade própria.
* A teologia seja um caminhar a partir dos sujeitos próprios de sua cultura.
* Haja uma cosmovisão e uma linguagem própria das culturas negras e indígenas.
* A partir da Teologia da Libertação deve se dar uma evolução para uma teologia própria para as culturas afro e indígenas.
Propiciar uma agenda teológica
* Criar congressos, encontros, consultas afro e indígena-latino-americanas e caribenhas
* Intercâmbios
* Criar Rede de informação/comunicação entre as nações afro
* Difundir/transmitir através de publicações e produções de revistas ou boletins o que recolhe esta Rede
* Resgatar e valorizar a pessoa humana em sua contextualidade
* Eliminar toda linguagem discriminatória
* Criar categorias contrárias à discriminação
* Conseguir um projeto político que seja uma alternativa, com a participação de todos os representantes da sociedade (mulheres, homens, famílias, etc.)
* Um projeto político deve ser: representativo, igualitário, multifacético
* Formação de quadros representativos
* Iluminar, aprofundar, complementar, a partir das ciências teológicas, o fato da negritude e da temática indígena
* Relação mais profunda com a base (vivencial das comunidades quilombolas, territoriais afro-indígenas, eclesiais, etc)
* Aumentar o número dos vocacionados (negros/as e indígenas)
* Professores que possam ensinar aos negros/índios a partir de suas culturas
* Aumentar sacerdotes dentro das hierarquias que possam contemplar essas comunidades
* Os aspectos litúrgicos contemplem as realidades (inculturação das celebrações com a comunidade negra e indígena)
* Diminuir a questão homem/mulher dentro da hierarquia
* Fazer que as práticas pastorais dos agentes atendam às Comunidades de Base
* Criar experiências simbólicas que dizem respeito às pessoas das comunidades
* Haja um diálogo concreto a partir das Comunidades de Base.
Inculturação da Teologia – essa seria uma Palavra-chave?
Uma das tarefas para as diversas reflexões teológicas (teologia afro-americana, índia, feminista), é sem dúvida a inculturação da teologia. Desde a década de 70 o tema da inculturação foi progressivamente ganhando espaços nas reflexões teológicas e pastorais. A inculturação associada à evangelização é o tema mais freqüente no documento de Santo Domingo. De certa forma o uso da expressão inculturação não constitui dificuldades para as igrejas, uma vez que está presente nos documentos oficiais e nas reflexões de nível pastoral. Entretanto, o mesmo não se pode dizer do significado que se atribui ao termo.
Pode-se dizer que esta primeira etapa, ou seja nestes últimos anos desde a década de 70, houve avanços no que diz respeito à prática pastoral e à conseqüente reflexão sobre teologia e inculturação. Nas celebrações, por exemplo, foram introduzidos símbolos e expressões característicos das comunidades negras. Mais que isto, buscaram-se formas e maneiras de celebrar de acordo com inspiração própria que vem das culturas afro-americanas e caribenhas.
Entretanto, se esta primeira etapa caracterizada pelo binômio "Teologia e Inculturação" já é uma prática freqüente na pastoral e assimilada na reflexão teológica, surge uma necessidade maior, e sem dúvida mais exigente. A partir das práticas e das experiências de fé das comunidades negras e indígenas, não é suficiente relacionar teologia e inculturação, mas o desafio maior é fazer a "inculturação da teologia".
Na perspectiva da teologia afro-americana e caribenha, a inculturação da teologia implica em mudanças fundamentais, a começar pela mudança de paradigmas. Para tanto é imprescindível entender a inculturação não como uma ação externa protagonizada por um agente externo, ainda que adaptado à realidade em questão, mas a partir do sujeito mesmo da cultura. Neste sentido, a inculturação é a expressão da fé cristã a partir do gênio próprio das culturas e das experiências de Deus dos povos afro-americanos e caribenhos.
Neste sentido, emerge como exigência da inculturação não só o uso das expressões culturais, mas reconhecer como legítimas as manifestações religiosas que procedem das culturas dos povos afros e que revelam a profunda sintonia com a Deus da vida contra os ídolos de morte. A inculturação vai além do simbólico e implica na relação original dos povos com o mundo e com Deus.
Superar dogmatismos
Se no âmbito pastoral, na medida em que vai havendo uma maior aproximação entre fé cristã e a recuperação dos elementos fundantes das culturas afro-americanas e caribenhas, percebe-se um avanço, o mesmo não ocorre quando a apreciação da inculturação é feita a partir de dogmas e cânones preconcebidos. O instrumental melhor para apreciar e deixar-se desafiar na perspectiva da inculturação não é, certamente, através de uma visão dogmática disciplinar e juridicista, mas através do carisma e da teologia do Espírito.
A inculturação da teologia vai exigir que se privilegie a fé cristã em relação às religiões cristãs. A fé cristã é abrangente, embora radical, no que diz respeito ao Deus da vida como princípio ético fundamental. As religiões são por natureza mais complexas e necessitam de constantes avaliações para expressarem coerentemente aquilo que é indicado pela fé. Portanto, para avançar na questão da inculturação da teologia, particularmente referida às experiências das comunidades negras, é fundamental superar uma visão dogmática, ou pelo menos entender o dogma de maneira libertadora ao invés de restritiva.
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Este espaço busca ser um lugar de interação com contribuições em temas relacionados às Culturas Afroameríndias, suas diversas manifestações e contextos. Nos campos de exposição, apresento em forma de reflexões alguns textos sociais, históricos, políticos, teológico-religiosos e educativos. Também o universo das artes e literaturas são outras referências, leituras e aprofundamentos, conforme este processo de interlocução dialógica em construção.
Agradeço-lhe pelo interesse em reconhecimento e atenção ao nosso trabalho!
Atenciosamente,
Reinaldo.