Nos últimos anos podemos perceber que, paralelamente à queda dos paradigmas alternativos ao capitalismo, deu-se uma forte irrupção – às vezes violenta – dos indígenas, como símbolo de uma realidade presente historicamente e profeticamente na sociedade e na Igreja. Para López Hernández (2000, p.110):
“esse contexto da teologia índia, além de ser uma voz de protesto dos índios, pouco a pouco se converteu em voz de proposta que articula o desejo de um futuro melhor não só dos índios como dos pobres em geral. E isto porque a teologia índia dá uma possibilidade concreta de construção de novos paradigmas de compreensão da realidade e de construção de alternativas de vida...”
A novidade própria da teologia índia é a proposta de um novo modo de fazer teologia a partir dos índios, de sua realidade, de seus mitos, ritos e utopias ancestrais, para forjar a partir deles mesmos e de sua sabedoria, o que crêem sobre Deus, sobre o mundo e sobre si mesmos, assumindo na comunhão com todos sua identidade e alteridade.
Ainda alguns aspectos são importantes para uma melhor compreensão da teologia índia hoje, como articuladora de propostas alternativas de vida:
- a memória histórica: que momento estamos vivendo e por quê? De onde viemos? Quem são os antepassados que nos deram existência? Em que sentidos somos sementes de futuro?
- o conseqüente e indispensável refontamento e volta às raízes originárias de nossos povos, que são as raízes da própria humanidade;
- a revalorização da linguagem mítico-simbólica e corporal como instrumentos de manifestação do espírito;
- a importância capital da comunidade crente, onde os servos e servas não são os donos da teologia, mas são as vozes de uma produção que é coletiva;
- entender o pensamento teológico como companheiro das lutas e da vida, e não como mero jogo de palavras para os livros ou espaços acadêmicos.
A partir destes pressupostos fundamentais de uma teologia índia, tentaremos agora abordar sucintamente o tema da metodologia da TI a partir do que deve ser considerado seu marco fundamental, ou seja, a visão integral própria dos povos indígenas, segundo a qual “o religioso e a Teologia encontram-se em toda a vida indígena.” *
*(C. Siller, 2002)
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Este espaço busca ser um lugar de interação com contribuições em temas relacionados às Culturas Afroameríndias, suas diversas manifestações e contextos. Nos campos de exposição, apresento em forma de reflexões alguns textos sociais, históricos, políticos, teológico-religiosos e educativos. Também o universo das artes e literaturas são outras referências, leituras e aprofundamentos, conforme este processo de interlocução dialógica em construção.
Agradeço-lhe pelo interesse em reconhecimento e atenção ao nosso trabalho!
Atenciosamente,
Reinaldo.